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Case Study: Felicidade no Local de Trabalho - Parte 2

BY INÊS LOPES, BUSINESS & MARKETING | 16/10/2020

E de que forma é que a cultura de uma organização se relaciona com espetáculos musicais no gelo?


Bom, antes de mais, na produção destes espetáculos está um conjunto de pessoas que vive a sua própria versão desta cultura da confiança.

Só numa empresa plena de confiança – ou numa mesa de família ao Domingo - se pode entrar numa sala onde todos estão a falar ao mesmo tempo porque ninguém tem receio de manifestar as suas opiniões, de defender uma ideia e porque ninguém leva o outro a mal. Todos sabemos que cada um está a defender o que acredita ser o melhor para o projeto.

É este o nível de confiança: Todos sabemos que, independentemente de termos opiniões diferentes, sabemos que o outro quer o mesmo que nós. Assim, em forma de cliché, confiamos que aquilo que nos aproxima é mais forte do que aquilo que nos separa.

Todos temos presente o compromisso comum da organização que é a criação de felicidade para todos os que nos vêm ver e todos queremos contribuir para que essa magia aconteça. Às vezes contribuímos de forma muito barulhenta. É que são mesmo muitos sonhos a concorrer a dois palcos!

Na génese do nosso trabalho está a crença, profundamente enraizada, que o nosso produto é muito mais do que um produto de entretenimento.

Gostamos de contar histórias. Não só de uma forma global, para os nossos espectadores, mas individualmente. Somos todos contadores de histórias. Cada um à sua maneira.

Acreditamos que, independentemente de onde vimos, as histórias têm o poder de nos aproximar de nós próprios e dos outros, de várias formas, porque as histórias nos fazem sonhar. Pela possibilidade que nos dão de vestirmos a pele de piratas, de termos asas, de ir ao centro da terra ou ao fundo do mar, mas, acima de tudo, pela possibilidade de vivermos outras vidas.

Já todos tivemos oportunidade de nos emocionarmos com um filme ou com uma peça de teatro. Todos nós já torcemos pelo bom da fita e todos já ficamos destroçados quando o final da história não é, afinal, o tão aguardado “E viveram felizes para sempre!”

De forma prática, quando acompanhamos uma narrativa, uma história, estamos envolvidos num processo cognitivo complexo que mexe com as nossas emoções. Estamos permanentemente num processo de atribuição de intenções aos personagens, não apenas para os entender, mas também para os avaliar segundo os seus paradigmas morais. Assim, a nossa reação à narrativa, a forma como interagimos com a história, está intrinsecamente ligada à nossa própria experiência e background.

Por isso é que nos emocionamos. Porque temos oportunidade de nos identificarmos com os personagens, com os seus sentimentos, com as suas dúvidas. Em última instância, porque queremos vê-los a agir e queremos relacionar-nos com as consequências das suas decisões.

Na AM Live, ao abrirmos as portas às histórias que contamos, damos a possibilidade, a todos que nos vêm ver, de se relacionarem com os nossos personagens, de viverem as suas aventuras e desventuras e, através desse impacto emotivo, terem uma nova perspetiva sobre o mundo. De entenderem o outro de forma mais empática e a si mesmos de forma mais clara. Enfim, é uma maneira muito bonita de expandirmos a nossa mente e a nossa perceção.

Ora, quando juntamos o nosso amor às histórias, à vontade de criar felicidade, acabamos por criar espaços onde adultos e crianças podem aceder a mundos encantados, lugares onde convivem todas as histórias, que remetem aos nossos próprios sonhos e que conduzem àquele lugar mágico dentro de cada um, onde sentimos que tudo é possível.

Criamos espaços onde as pessoas se podem sentir seguras e, assim, vulneráveis e disponíveis para sonhar.

Quando pensamos num musical, não pensamos apenas no título, nas músicas, nos figurinos, nos cenários, etc. Pensamos no que queremos que as pessoas sintam. Pensamos em criar experiências integradas e imersivas que promovam memórias duradouras. Criamos os espaços, a história, as músicas a pensar na experiência total que estamos a proporcionar.

Neste sentido, acreditamos que quando juntamos as pessoas às histórias e a tudo o resto que faz de um espetáculo, um verdadeiro espetáculo, estamos a criar a oportunidade para que aqueles que só se conhecem dos corredores de uma organização se conheçam num ambiente mágico, onde existe esta sensação de possibilidades ilimitadas.

Acreditamos que todo o trabalho que fazemos ajuda a criar o ambiente perfeito para que as pessoas se liguem a um nível mais profundo, se conheçam melhor, ultrapassem a barreira dos departamentos, dos e-mails, das hierarquias e formalidades e tenham a possibilidade de contactar com a pessoa por detrás do papel, da função. É neste tipo de oportunidades que se criam as verdadeiras ligações. Quando podemos ver a humanidade no outro e nos relacionamos com ele no seu ambiente natural, junto da família, a vibrar com as emoções de um espetáculo.

Em resumo, defendemos que o que criamos, além de facilitar o processo de autoconhecimento e desenvolvimento da empatia e da relativização dos pontos de vista face ao mundo, são os momentos perfeitos para a criação de laços de fortes entre pessoas e memórias felizes que perduram no tempo.

Defendemos estes momentos porque são oportunidades únicas para a geração da tal confiança que falamos no início. Um conceito tão simples, tão frágil, mas tão fundamental para a criação de uma cultura de Felicidade Organizacional.

Sentimos que só quando conhecemos alguém em todas as suas dimensões – com defeitos e tudo – é que percebemos os seus pontos de vista, que passamos a gostar dessa pessoa e a respeitá-la. Esse é o primeiro passo para nos preocuparmos com ela, para querermos protegê-la e é quando passamos a querer que tenha sucesso. Se todos numa organização se preocuparem com o outro e quiserem o seu sucesso, garantimos que a empresa tem também sucesso e passamos todos a querer o mesmo: termos sucesso enquanto somos felizes.

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